domingo, 22 de novembro de 2009

Tolerância Zero, Um novo alento no discurso do Presidente

     Costumo dizer aos meus amigos que temos, em Angola, duas espécies de homens que não dormem sonos profundos: Uns, aqueles que estão preocupados com o rumo do país, face aos desafios que se apresentam, depois estão os outros, os que têm dificuldades em pegar o sono, porque estão a contar o vil metal que conseguiram abocanhar durante o dia, nas inúmeras falcatruas que se tecem por este país adentro, enquanto vão urdindo "engenharias" e esquemas para novos arrombos ao erário público.
     O discurso do presidente Eduardo dos Santos na sessão de abertura da reunião do CC Central do MPLA- uma antecâmara para o Congresso de Dezembro- merece ser analizado no que toca ao conteúdo de algumas revelações, verdadeiramente surpreendentes, para aquilo que é habitual nele. No fundo, o PR não disse nada que os homens de bom-senso deste país já não o soubessem: A corrupção entranhou como um verdadeiro cancro no tecido governativo de Angola. "O MPLA aplicou timidamente o princípio da fiscalização dos actos de gestão do governo, quer atravès da Assembleia Nacional, quer atravès do Tribunal de Contas", tudo certo, presidente. Também referiu que a circunstância atràs descrita-aplicação tímida do princípio da fiscalização- permitiu que "pessoas irresponsáveis e outras de má fé" praticassem actos de esbanjamento- do dinheiro público, suponho- e outros actos ilícitos, danosos e fraudulentos- da rés pública, também suponho.
     De igual modo, parece ser legítimo concluir, então,  que a maioria destes actos foram cometidos por pessoas que nas circunstâncias, agiram em nome do poder, na titularidade de cargos públicos que, para sua nomeação pesou a militância no partido do governo- o MPLA. Portanto, os prevaricadores a que o PR se referiu, são certamente membros de cúpula no MPLA. Daí os meus aplausos quando JES, de maneira frontal e sem eufemismos, disse taxativamente que se deve assumir uma atitude CRÍTICA E AUTOCRÍTICA, face ao fenómeno que corrói o país de lés a convés. Então coragem presidente, para o grande desafio, para que os actos de gestão sejam (minimamente) transparentes para termos uma (razoável) boa-governação. A responsabilização judicial dos ditos-cujos, obviamente, e o consequente retorno para os cofres do estado, dos montades com que se locupletaram sem causa que valesse.
     Tal como frisou no aludido discurso, apesar de várias proclamações de intenções- suponho de titulares de cargos ´superiores a nível da economia- o certo é que a produção  interna tem aumentado muito lentamente, ou simplesmente estagnado-acrescento eu. De facto tem razão presidente: os problemas não se resolvem pela simples razão de termos proclamado que os vamos resolver, mas partindo de si a constatação, de forma pública, considero-a como um repto. Nem tudo o que se diz por aí é para ser levado à sério, por isso não sou muito amigo dos relatórios oficiais nem das estatísticas flamejantes que alguns governantes por vezes apresentam. E a realidade está aí. O PR confirmou: Importamos 80% do que consumimos em Angola. Por via disso, mesmo que se aumentem os salários periodicamente, o certo é que eles caminham sempre na proporção inversa dos preços ao consumidor, ou seja vão perdendo o seu poder aquisitivo. Entramos no círculo vicioso, mas de lá temos de sair e um bom caminho para o fazer, o PR também aponta: "Uma espécie de Tolerância Zero após Dezembro de 2009". Para mim não seria uma espécie de Tolerância Zero, mas uma TOLERÂNCIA ZERO DE VERDADE. Humanizar a nossa governação que se tornou predadora da riqueza nacional e faz-se de esquecida dos sagrados valores da solidariedade para com os governados.
       Assim, SIM presidente. Estamos juntos, com coragem e determinação para conseguirmos a Paz Social que tanto almejamos. A flor da Harmonia não germina no jardim da injustiça social.

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