quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Uma nova era para a Diplomacia angolana (resposta ao comentario de Paulo L.)

     Estimado amigo Paulo L.,
       Em realidade tentei entrar nesse campo e fiz duas formacoes em Israel; o meu trabalho de fim de licenciatura em Direito foi justamente uma abordagem da necessidade para Angola de uma Diplomacia qualificada e estável, para cuja elaboracao contei com a prestimosa colaboracao do meu tutor o Dr. Paulino Lukamba, academico de especial sensiblidade e espirito Humanista. A coincidencia de pontos de vista permitiram-me assimilar a  visao seminal do meu mestre quanto aos problemas que nos afectam neste campo. Ao Dr.Lukamba serei eternamente grato pela sua disponibilidade vertida em detrimento das suas inumeras obrigacoes..
      Apenas para simples informacao, de facto estive a poucos passos de entrar para a diplomacia. No entanto não consegui os carimbos suficientes por manifesta falta de "cunhacimentos". Enfim... Agora tenho dois netinhos traquinas para cuidar e uma chata velha para ir a pesca aos fins-de-semana, o que me realiza plenamente. Nada tenho a reclamar.
      Lembro uma proposta de um realizacao de um Fórum para o tratamento desta matéria importante, cuja sistematização é essencial não apenas para os académicos, mas igualmente para os potenciais parceiros internos e externos de Angola. Não sei em que pé ficou isso, mas é inquestionável que necessitamos afirmar um papel cada vez mais activo na região e no Mundo, sem quaisquer complexos de inferioridade, como actor sobre o qual recaem responsabilidades de liderança na solução de conflitos e na manutenção da Paz.
     Da forma como anda(va) o nosso Mirex era problemático identificar sinais capazes de clarificar certas opções ao nível de politica externa, algumas das quais visivelmente desajustadas da dinâmica e volatilidade do actual cenário das RI.
     Repare na notável ausência de documentos de pesquisa, sejam eles de cariz oficial ou de estudos e análises provenientes de outras fontes, sobretudo académicas. Não sei como anda o nosso Centro de Estudos Estratégicos, contudo observei não existir nenhuma obra científica cuja temática aborde exclusivamente a politica externa angolana.
     Os resultados do Conselho Consultivo do Mirex podem representar uma viragem qualitativa na nossa Diplomacia desde que... não fiquem no papel, claro, o que de resto não surpreenderia, dado os vários interesses que ali se concentram, alguns dos quais a cumprirem objectivos perfeitamente estranhos a especialidade e interesse do trabalho.
    Defendo que devemos continuar a conciliar de forma criativa as nossas obrigações internacionais relativamente às questões da paz, segurança e estabilidade com as suas necessidades decorrentes da Reconstrução Nacional e da criação das bases materiais para um processo de desenvolvimento sustentado.
     Quanto a prioridade para Africa decidida no conselho do Mirex, creio que as relações com os países africanos não devem ficar restritas ao campo comercial e económico; devem abranger os laços históricos e culturais, uma vez que eles sofreram também os efeitos do colonialismo europeu. Deveríamos adequar melhor a nossa actuação às dimensões económica, demográfica e territorial sobretudo na região austral . O exercício de liderança, não deveria ser constrangida pela pouca consistência do projecto de organização continental, deficiência que resulta num engajamento apenas retórico das lideranças nacionais e na escassez de recursos financeiros para materializar os projectos de integração.
     Em suma, muito trabalho a fazer e auguramos que os escolhidos para a diplomacia sejam os melhores para que o nome de Angola seja sinónimo de Nação próspera e orgulhosa.
     Tomei nota das suas interessantes observações, as quais agradeço pela amável disponibilidade.
Abraço.
Jaime



1 comentários:

Virginia disse...

Quanta razao!!! (as minhas desculpas, mas este teclado nao tem as tildes portuguesas...)

Seja !