domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma semana de ausência e outros mambos


      Completou de facto uma semana sem que eu tenha conseguido meter algo neste nosso sítio. Infelizmente dependemos da técnica e o que nos foi dito é que se registou uma avaria numa das centrais do servidor, a nossa mui prestável Movinet. Houve também um problema pessoal, nada de mal, já ultrapassado. Por isso, estamos.
      Vamos ao que por aí anda: todos os caminhos apontam para o Complexo Turístico Futungo II. Alguma expectativa (!) em torno do Congresso do MPLA que arrancou Segunda-feira, 7/12 em Luanda. A única garantia é o habitual desfile da unanimidade do dedo ao ar, algumas caras novas (o CC eleva de 280 para 311 membros) a entrar, dizem que Zenu o filho de Zedú vai para o CC, enquanto o extrovertido Bento Kangamba, dono do clube de futebol Kabuscorp e mentor das mais extravagantes iniciativas "só para agradar" parece ter agradado mesmo e por via disso corre o risco de ir para o BP. Outros sentirão o tapete a fugir, caso do nosso mais-velho Geremias Dumbo "Tchilelevika", que foi embrulhado no Tsunami do chamado "Jardim Milionário" de Benguela, o jardim mais caro e mais famoso do mundo, qual Madison Square Garden? Esperam-se os primeiros sinais de como vai ser a aplicação da "espécie de tolerância zero" contra a corrupção que Zedú pré-anunciou há duas semanas.
      Pepetela esteve em Benguela, sua terra natal,  e mais uma vez partiu a loiça: Nada de indirectas nem atípicas nas eleições presidenciais. "As indirectas apenas promovem o culto do chefe", terá dito o consagrado escritor aos microfones do intrépido Zé Manel Alberto, correpondente provincial da Ecclésia. A mesma frontalidade, firmeza de carácter e sobretudo coragem, num tempo em que a única música que a maralha toca é a música que o chefe gosta de ouvir. Pepetela, o antigo guerrilheiro do MPLA em Cabinda continua com o trombone vibrante.
      Marcolino Moco, por seu lado,  parece finalmente ter deixado de ser mouco e definitivamente também vai marcando passos contrários ao compasso da música que se dança no Krémlin. Até onde o antigo secretário geral do ÉME conseguirá arrastar-se, ninguém sabe, mas que lhe vão baixar o pau, isso vão. Ele foi chamado à explicar os seus propósitos face ao conteúdo de recentes declarações proferidas em Benguela (sempre Benguela, pelas melhores e piores razões) e quase se pegou com o camarada Dino Matrosse, um verdadeiro dinossauro, tido actualmente como o terceiro homem na hierarquia. Moco defende-se como académico, acusou Dino de lhe ter tentado impor "idéias horrorosamente atávicas". Conhecendo o que eu conheço quanto a isso de atavismos no éme, veremos se existe algum porto de abrigo para esse frágil barco de bimba no meio do temporal da política que se perfila no oceano do nosso antigo PM  (não é Polícia Militar, é Primeiro Ministro). Ou melhor, a ver vamos, como dizia o Minguito numa canção, que hoje já ninguém ouve. O disco era de vinil e foi gravado em Silva Porto. Agora quebrou, sem que alguém tivesse conseguido guardar uma cópia.
     Surpreendentemente ficamos também a saber que os deputados do MPLA estão a treinar a claque para o CAN no próprio Parlamento. E não encontram pior altura para fazê-lo, senão quando os deputados da oposição estão no uso da palavra. "ÚÚÚÚÚÚÚÚ´!" é o berreiro que agora se ouve na assembleia. Será que já não existem assuntos sérios para se discutir no órgão representativo da soberania? Só resta saber se o deputado Alcebíade Maieco, ou simplesmente Akwá, está entre os gritantes. Seria estranho, pois Akwá, há mais de um ano como deputado, nunca abriu a boca. Quando o jornalista lhe perguntou o porquê do silêncio sepulcral na bancada da camaradagem, Maieco disse que estava a adaptar-se à nova equipa e a ouvir os mais-velhos a discernirem sobre os assuntos que afligem os angolanos. Mas agora com os mais-velhos a gritarem como possessos, deve estar sem norte o grande futebolista Akwá. Fica a ver as bolas a passarem muito pelo alto. Para quando o nosso golo de honra, Akwá? Ou vai mudar para a defesa?
     De Conacry veio a notícia de que o capitão Moussa Camará, chefe da junta militar golpista lhe furaram uma das câmaras de ar e foi evacuado para o Marrocos a bater as jantes. Está fora de perigo, disseram fontes oficiais. Nos bairros de Conacry continua a caça ao suposto autor dos disparos, o chefe da sua guarda pessoal, o capitão Toumba Diakité. Um outro capitão, o Sekouba Konaté que agora é general teve de abandonar as férias que estava a passar no mercado de contrabando de armas e voltou de emergência para ocupar o lugar de Camará que, entretanto, já foi recauchutado pelos médicos de sua magestade em Rabat e logo-logo rumará para a terrinha, com as rodas calibradas, reclamar o apetecido cadeirão. Veremos se o outro capitão-que-agora-é-general estará na disposição de se levantar. Caso não, haverá balázios na certa. "Oh África da traição dos crocodilos".
     Por agora chega. Vou estirar-me no sofá e ver a terceira e última parte da saga "O Padrinho" de Mário Puzzo e do inigualável realizador Francis Ford Coppola, iniciada com a marca imortal de Marlon Brando. A trama chega ao fim com genial Al Pacino nas vestes do patriarca Corleone, o mafioso dos mafiosos. Debilitado e diabético, Corleone tenta agora arrumar a vida direito, mas vai desconseguindo. Chega a confessar-se ao cardeal futuro Papa, revela ter cometido monstruosidades, mas não mostra nenhum arrependimento. Por acaso conheço a história do filme. As traições sucedem-se à velocidade de um raio. Dá-se a ascenção de Vicent, seu sobrinho, filho do irmão que ele próprio mandou matar. Vicent chega a namorar a prima, mas a sede de poder obriga-o a acatar a ordem do tio. Deixa a menina em paz e eu te dou o poder. Assim, Vicent se transforma em Don Vicenzo Corleone e a dinastia do clã mafioso segue garantida, no meio de um rosário de assassinatos que atinge a prima amorosa de Vicent. Don Altobello dorme o sono da morte no camarote do teatro, enquanto assistia a uma ópera siciliana  e deglutia biscoitos envenenados. O Papa recém empossado também morre no seu quarto no Vaticano, após ingerir uma taça de letal chá. Na máfia é assim, quem entra, não sai quando lhe apetece, sentenciou D. Corleone. Uns vão comendo aqueles que os precedem antes de serem comidos por aqueles que os seguem. Ainda bem que o filme não é connosco. UFA!!!
     

2 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Jaime, o Sr.é um homem das Arábias,alem das grandes reportagen
gosto dos seus coment.e apresetaçõ
gosta ds seus amig.e da sua nossa terra,mui força e saude,sou Araujo das peças fren.Ra.More.tive azar
fui oper.culu. sua prima Adelia minha fisiotar.só falamos daí,não
consegui ent.conta.vi blog,parabens
um gr.abr.eCacilda,pess.radio Mor.
adaraujo36_hotmail.com FESTAS FEL

jorgesapinto disse...

Caro conterrâneo:
Li, com um enorme agrado, tudo o que escreveu. Achei perfeito (conteúdo e a forma). Benguela tem gerado muitos homens de letras e que nunca deixaram mal a "pena" e a "tinta" com que escrevem, qualquer que seja a orientação que vem do poder (ilegítimo ou legítimo). É, definitivamente, um deles.
Penso que depois do meu antigo colega do Liceu ( na altura Cte Peixoto Corrêa) Fernando Alves, só mesmo o Jaime consegue exprimir tão bem, na forma jornalística, o pulsar da vida e a alma benguelense sobretudo dessa Benguela de hoje, que anseia pelo futuro, sem esquecer o passado, mesmo que ele seja cruel.
Os meus parabéns!

Jorge Sá Pinto