terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CAN/ 2010: Adeus ao ilustre Togo. E o terrorismo?

     A selecção togolesa abandonou o palco da competição, na sequência da acção de que foi alvo por parte dos terroristas da FLEC na passada Sexta-feira em Cabinda. Os atletas viajavam de autocarro do vizinho Congo para Angola quando foram emboscados na região de Massabi. A caravana visitante registou duas mortes, do treinador adjunto e de um jornalista e um ferido grave, o guarda-redes suplente.        Humanamente compreendemos o ambiente de consternação que envolveu os cidadãos daquele país, mas esse sentimento foi generalizado. E os angolanos não fugiram à regra. Desde o primeiro momento só ouvimos manifestações de pesar pelas vítimas e de condenação pela barbárie da FLEC.
      A série C ficou ameaçada e as horas passavam em suspenso. Veio a notícia: Adebayor e seus companheiros tinham decidido ficar e jogar o torneio, procurando homenagear os seus mártires. Se ganhassem o torneio seria para eles que se dedicaria a vitória. Mas infelizmente, os políticos em Lomé decidiram que assim não poderia ser. A selecção deveria regressar de imediato ao seu país. Quem decidisse ficar não o faria em representação da bandeira togolesa. Foram obrigados a partir. Respeita-se a  decisão, mas existem uns entretantos que gostaria de focar.
     A primeira delas é indagar o porquê dos dirigentes togoleses terem optado em sair de Ponta-Negra até Cabinda por estrada. É um troço relativamente curto, cerca de 60 quilómetros, mas porque o fizeram? Será que foram persuadidos por alguém no Congo para irem de carro até Cabinda? Embora a FIFA e a CAF não imponham restrições no uso de meios de transporte na deslocação das delegações para os locais de competição, digamos que não é usual a utilização de meios terrestres. Os outros foram de avião e instalaram-se comodamente nos seus hotéis na cidade de Cabinda.
    Eles, os do Togo, optaram por fazer uma escala em Ponta-Negra. Os congoleses hospedaram-nos e depois os trouxeram até a fronteira, já com os terroristas da FLEC na peugada, porque é lá no Congo onde eles se acoitam. Pudemos dizer que atiraram a batata quente para o nosso território, como fizeram há meses com os milhares de angolanos que expulsaram.
     Após o ataque, os terroristas fugiram para o Congo, mas dois deles foram capturados pelas forças angolanas. Um dirigente togolês disse aos jornalistas (a entrevista passou na SIC) que se não fosse a intervenção da escolta policial angolana, as baixas seriam certamente mais numerosas. Os atacantes concentraram o fogo das suas armas contra o autocarro onde estavam os atletas e dirigentes e contra o autocarro que transportava os equipamentos.
    Sofrendo mortos será que ainda haveria ambiente anímico para os togoleses jogarem? Os atletas disseram que sim, que queriam honrar os seus companheiros assassinados. Lembro que uma vez, quando jogava voleibol na selecção, fomos disputar um jogo à Brazzaville. Quando já tínhamos feito o aquecimento, a equipa técnica recebeu uma comunicação da nossa embaixada a dar conta do falecimento da mãe do Hernani, um dos nossos jogadores. Decidiram chamá-lo e expôr-lhe a situação. Disseram-lhe que fosse para os balneários tirar o equipamento, o que ele recusou debaixo de lágrimas que contagiaram toda a equipa. O treinador Agualusa deixou a seu critério a opção de jogar ou não. O Hernâni entrou connosco na equipa inicial e foi um dos melhores em campo. No fim todos dedicamos a vitória à memória da sua finada mãe. Tudo aconteceu num ambiente de extrema emoção.
     É curta a memória dos homens. A ocorrência de actos violentos em eventos desportivos não foi exclusivo de Angola. Será que já esquecemos a tragédia de Heysel, na Bélgica, numa final da antiga Taça dos Campeões Europeus, entre a Juventus e o Liverpool? As escaramuças ocorridas a meio do jogo redundaram numa tragédia em que morreram 100 pessoas. Mesmo assim o jogo prosseguiu. A Juventus ganharia por 1-0, golo marcado por Michel Platini, o actual nº 1 da UEFA.
    O que aconteceu nas Olimpíadas de Munique em 1972, quando um comando palestiniano fez reféns os atletas da selecção de Israel? O que aconteceu em Madrid no dia 11 de Março de 2004? Não morreram 191 civis inocentes que viajavam no Metro? e em Londres? E em Nova York no 11/9? na Tanzania, no Quénia? Como tem reagido a Espanha face à organização separatista Basca? Os terroristas da ETA são caçados em França e em Portugal.
    Algumas pessoas tiveram o desplante de vir a público dizer que "são os guerrilheiros da FLEC que lutam pela independência do seu país ocupado por Angola que mataram por engano os togoleses". Para eles Adebayor com o traje da selecção do Togo e uma bola de futebol na mão é muito parecido com um comando angolano uniformizado e munido do seu armamento. Um ignorante mal-intencionado jornalista escreveu que Cabinda foi oferecida pelo antigo presidente Marien Ngouabi (do Congo) ao falecido presidente Agostinho Neto (de Angola) em 1975 como troca por Neto lhe ter ajudado a concretizar um golpe de estado em Brazzaville.
     Outro artigo referiu que a prova de que Cabinda não é Angola está na descontinuidade geográfica do território. Eu pergunto: Porventura as Canárias e Palma de Maiorca estão ligadas geograficamente à Espanha?
     Como aceitar que a França, país dito civilizado, permita que um porta-voz da organização terrorista FLEC reinvindique a partir de Paris o assassinato de civis inocentes? Então que deixem também os porta-vozes de Bin Laden fazerem o mesmo quando deflagram bombas nos comboios e nos aviões europeus e americanos. Será que os terroristas que os atacam é que são os maus e os que nos matam pertencem ao grupo dos bons terroristas? A cumplicidade também tem a jorrar nas suas mãos o sangue dos inocentes do terror de Cabinda.

4 comentários:

Anónimo disse...

OI Azulay nao tens vergonha de atribuir este acto como Terrorismo voce nao passa de um lambe botas do MPLA o teu blog e uma merda amigo ...tens um bocadinho de dinheiro acustas do MPLA es um jornalista analfabeto com expressoes vagas, nao passas de um corrupto como voces todos ...comecando pelo teu presidente porque e quenao escrevis dos dinheiros da Isabel dos Santos aonde e que ela tirou assim tanto, tens medo senao calao-te como ja calaram alguns tu foste ou es um bofiasito de meia tigela...
abracos

jaime disse...

Certos desparates atingem tal dimensâo que nâo sâo dignos de resposta.O comentário do amigo Anónimo(os cobardes sempre utilizam o anonimato)é um deles.
Jaiminho

Nando disse...

O legitima diferença de opinião não justifica o impropério e muito menos o insulto soez.
Nando

Anónimo disse...

o silencio também fala... devias ficar calado seu burrro...escrevi com 3r pq es mui burro. Numca fales de Cabinda pq nao es cabinda e numca seras