Informo aos amigos e opinião pública que decidi retirar a queixa-crime por difamação contra o sr. José Patrocínio, coordenador da ONG Omunga, sedeada na cidade do Lobito e que corria os seus trâmites na instância competente. A entidade forense que lida com o caso por minha parte na condição de ofendido, foi orientada no sentido de renunciar ao procedimento criminal na queixa apresentada o ano passado (2010) nos termos do Código do Processo Penal Angolano, na sequência de declarações proferidas pelo sr. Patrocínio durante uma entrevista na Rádio Benguela, em relação à minha pessoa e que foram aferidas como ofensivas a direitos tutelados por lei.
Trata-se de uma decisão pessoal que responde unicamente a imperativos de índole pessoal. Pretendo simplesmente demonstrar que, embora me tenha sentido ofendido no bom nome e de ter a possibilidade de fazer valer o direito de tutela desses bens por parte da lei do nosso país, considero-me perfeitamente maduro como homem, para considerar o evento como acidente de percurso no longo processo de aprendizagem das habilidades políticas necessárias para lidarmos pacificamente com fenómenos como a tolerância nos debates democráticos e pluralistas, que as pessoas de bem querem fazer vingar em Angola.
Felizmente nesta vida vamos aprendendo com os erros. Os nossos e os dos outros. Creio que seria bom que os angolanos pudessem ter sempre a possibilidade de, por motu próprio, sacrificarem um pouco de si em troca de um bem maior, como o respeito pelos demais e a harmonia com os demais, mesmo quando não concordamos com as suas opiniões. Sinto-me reconfortado de poder aproveitar essa alternativa. Falo de vivermos sem rancores ou ressentimentos pelo passado que nos marcou de forma mais ou menos dolorosa e darmos, enfim, um sentido mais positivo às nossas vidas. Concordo que, no caso em apreço, temos essa possibilidade, salvo outros desenvolvimentos.
Luanda, 28 de Abril de 2011.
Jaime V. Azulay
6 comentários:
Caro Sr. Jaime Azulai sou seu admirador como jornalista passo a ser também admirador como pessoa humana pelo bom exemplo de reconciliação que vem demonstrar.Porque a democracia significa tolerancia para podermos fazer o nosso pais o lugar bonito para todos.
muito obrigado
Deus guia os teus passos meu irmão!
Sinto orgulho por ti.
Caro Jaime Azulay, espero que esteja bem. O senhor não me conhece, e isso é irrelevante agora, mas sou dos jovens amigos do jornalismo e literatura. Na verdade tive acesso ao CD com as duas entrevistas na Rádio Benguela. E o que me ocorreu no momento é que daria empate técnico. E que podia interpretar a questão como sendo um caso de criticar e não estar preparado para a crítica.
Também conheço o Engº Patrocínio, que também muito respeito/admiro enquanto activista cívico, embora nem sempre concorde com as ideias e métodos dele.
Passo a partir de agora a admirar ainda mais o Sr. Azulay. Como diz "Pretendo simplesmente demonstrar que, embora me tenha sentido ofendido no bom nome e de ter a possibilidade de fazer valer o direito de tutela desses bens por parte da lei do nosso país, considero-me perfeitamente maduro como homem".
Um abraço também de Benguela
Gociante Patissa
Um homem grande não se deixa enredar com coisas pequenas....
abraço
Nando
Dr. Jaime Azulay conhecemo-nos há pouco tempo no curso de pós-graduação e tenho gostado da forma alegre e respeitosa como lida com as pessoas. Embora não conheça o problema,nunca nos falou disso, mas pelo que li o gesto pode ser considerado de magnanimidade e é bom que ocupe o seu tempo nas inúmeras tarefas académicas que temos pela frente na Faculdade de Direito da UAN e na sua vida profissional.
Abraço
Maturidade e ombriedade. Um dia ainda te vejo nos areópagos desta Nação.
Enviar um comentário