Em 1991, com os Acordos de Bicesse assinados em 31 de Maio, desloquei-me pela primeira vez à Jamba, o antigo quarte-general da Unita, na província do Kuando-Kubango com o Comié Internacional da Cruz Vermelha, para a troca de prisioneiros entre o governo de Angola e a Unita. Acompanhei o actual vice-presidente da República, Fernando da Piedade "Nandó" que representava o governo na Comissão Conjunta. Viviam-se momentos de grande esperança na reconciliação entre os angolanos. Marcaram-se as eleições para o ano seguinte, 1992. Estive pela primeira vez numa troca de prisioneiros entre ex-beligerantes organizada pelo CICV. É uma cerimónia de elevada carga emocional. Tratam-se de homens que estiveram anos no cativeiro conhecem o sol da Liberdade porque os seus líderes se tinham entendido. Muitos deles não encontrarão as famílias como as deixaram. Cada um carrega no rosto e na alma as marcas de um tormento sem nome, de noites dramáticas sem sono, as sevícias e tratamentos degradantes. Testemunhei isso na Jamba. Em 1991.
2 comentários:
Lembro que durante essa troca Chivukuvuku foi abordado por uma jornalista estrangeira que dizia que alguns dos presos estavam na lista na Jamba e não apareciam ao que ele respondeu: "Isso são questiúnculas que devem ser resolvidas dentro do quadro (aqui fala em quadro mas faz um círculo coma mão) da CCPM porque nós na UNIYTA temos prisioneiros que são livres". Só mesmo na UNITA...
Olá e muito prazer, Sr Edson Macedo.
Gostaria de lhe perguntar se nunca ouviu falar neste nome (como prisioneira da Unita) Fernanda Freitas (uma Senhora com mais de 50 anos e Portuguesa, de raça branca com os cabelos todos brancos e que esteve algum tempo prisioneira na Acmol (antigo matadouro de Nova Lisboa). Agradeço-lhe qualquer resposta e envio-lhe os meus cumprimentos. Obrigado!
(sou filha e chamo-me Maria Eduarda) edu_vs_maria@hotmail.com
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